Porangabense Zezé Machado, pioneira na política capixaba, morre aos 84 anos

Foi sepultada na tarde deste domingo (19), em Porangaba (SP), sua cidade natal, Maria José Machado, conhecida carinhosamente como Zezé Machado, aos 84 anos. Militante histórica do Partido dos Trabalhadores (PT), Zezé marcou seu nome na história política do Espírito Santo ao ser a primeira mulher a disputar o cargo de vice-governadora do Estado, em 1982, na chapa liderada por Perly Cipriano.

Nascida em Porangaba, no interior paulista, Zezé era filha de Carlino Ferreira, político atuante na cidade nos anos 1950. Vinda de uma família numerosa, com 12 irmãos, ela era filha e neta de ferreiros e iniciou a vida adulta como freira da Congregação Missionárias, antes de se engajar na militância social e política.

Radicada em Vitória (ES) desde 1971, Zezé destacou-se nas Comunidades Eclesiais de Base (Cebs) da Igreja Católica e nos movimentos populares, o que a levou a ser escolhida pelas bases do PT para compor a chapa majoritária do partido nas eleições de 1982. Naquele pleito, o PT — recém-fundado e em oposição à ditadura militar — teve participação modesta, obtendo 10.588 votos com a candidatura de Perly Cipriano e Zezé Machado.

Apesar do resultado eleitoral, a atuação de Zezé foi simbólica e histórica, abrindo caminho para a presença feminina na política capixaba. Posteriormente, ela também se candidatou a deputada estadual pelo Espírito Santo, mantendo-se ativa na luta por justiça social, igualdade e direitos humanos.

Segundo amigos e correligionários, Zezé Machado foi uma mulher de garra e convicções firmes, sempre guiada por valores éticos e pela defesa dos mais humildes. “Zezé dedicou sua vida à política com paixão e coragem, sendo um exemplo de resistência e esperança. Sua filosofia sempre foi clara: lutar pelo povo brasileiro e por um país mais justo”, destacou uma nota de pesar divulgada por militantes do PT.

Zezé faleceu na noite de sábado (18), às 19h30, por causas naturais. O corpo foi velado no salão Cristo Rei, em Porangaba, e o sepultamento ocorreu neste domingo, às 16h, reunindo familiares, amigos e admiradores que prestaram as últimas homenagens à porangabense que se tornou símbolo de luta e inspiração.

Sua memória permanece viva nas páginas da história e nos ideais de todos que continuam acreditando em um Brasil mais justo — como ela sempre sonhou.

Além do fato histórico que foi a volta das eleições diretas para governador, o pleito de 1982 foi marcado por ter na disputa para o cargo de vice-governador, pela primeira vez na história do Espírito Santo, a presença de uma mulher.