Paraquedista, novo ministro não possui nenhuma formação na área de Saúde
Segundo o próprio Ministério da Saúde, Pazuello possui, apenas, curriculum militar
Do Uol - São Paulo
Homem de confiança de Jair Bolsonaro (sem partido), o general Eduardo Pazuello assume interinamente o comando do Ministério da Saúde após a confirmação da saída de Nelson Teich.
O médico, que durou apenas 27 dias no cargo, pediu demissão hoje devido a divergências com o presidente a respeito do uso de cloroquina no tratamento de pessoas contaminadas pelo novo coronavírus.
Formado pela Academia Militar das Agulhas Negras, em 1984, Pazuello foi coordenador da Operação Acolhida, que cuida de refugiados venezuelanos na fronteira com Roraima. Também esteve à frente da 12ª Região Militar, no Amazonas.
O general ainda aparece como o comandante da 12ª RM no site da instituição. Ao deixar o comando para assumir a secretaria-executiva do Ministério da Saúde, Pazuello disse ao jornal O Globo que "não tem general na gaveta, não" e que retornaria ao posto assim que ajudasse Teich a organizar o ministério.
Entre os oficiais das Forças Armadas próximos a Bolsonaro, há torcida para que o general seja nomeado ministro em definitivo. Por enquanto, o governo o trata como interino. Outros nomes estão no páreo, como o da médica Nise Yamaguchi.
Número 2 da Saúde
Desde 22 de abril, Pazuello vinha atuando como secretário-executivo da Saúde, a pedido de Bolsonaro, para coordenar a transição entre a gestão de Luiz Henrique Mandetta (DEM).
Em sua primeira entrevista na condição de secretário, Pazuello disse que, apesar da curva ascendente de mortes e casos registrados de covid-19 no país, a situação estava "mais fácil" para a gestão Teich em comparação com a do seu antecessor.
Colegas militares destacam o perfil "determinado" do general e elogiam o fato de Pazuello ter se colocado como solução transitória no governo durante a pandemia de coronavírus.
O ministro interino foi descrito como um "resolvedor de problemas" por um coronel que foi seu colega de turma no Curso de Comando e Estado-Maior do Exército. Ao UOL, o oficial afirmou: "Se a parte de gestão e logística no Ministério da Saúde estiver enrolada, o Pazuello vai resolver".
Quem é Eduardo Pazuello
Natural do Rio de Janeiro, o atual secretário-executivo da pasta ocupa cargos no Governo Federal desde que assumiu a coordenação da Operação Acolhida.
Quando tenente e capitão, Pazuello participou de Operações na Selva, no Centro de Instrução de Guerra na Selva, em Manaus (AM).
Em dezembro de 2018, o governo federal decretou intervenção no estado de Roraima e afastou a governadora Suely Campos (PP). Indicado pelo ex-presidente Michel Temer, assumiu a secretaria da Fazenda, cargo que ocupou até fevereiro do ano seguinte, acumulando com a operação, na qual ficou até janeiro deste ano.
Formado oficial na Academia Militar das Agulhas Negras, em 1984, assim como Bolsonaro, Pazuello também tem formação de paraquedista, com graduação avançada de salto livre.
Já como oficial superior, ele realizou o curso de Comando e Estado-Maior no Exército, e o curso de política e estratégia aeroespaciais, na Força Aérea Brasileira (FAB).
Entre algumas funções que exerceu já como oficial general destacam-se a assessoria de Planejamento, Programação e Controle Orçamentário do Comando Logístico; o comando da Base de Apoio Logístico do Exército; e a coordenação logística das Tropas do Exército Brasileiro empregadas nos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos no Rio de Janeiro, em 2016.
Segundo o Exército, dentre as condecorações que Pazuello recebeu, destacam-se as medalhas de Serviço Amazônico, Mérito Aeroterrestre, Pacificador, Ordem do Mérito Militar Grande Oficial, Mérito Tamandaré, Ordem do Mérito Aeronáutico Cavaleiro e Distintivo de Comando Dourado.
Elogiado por Teich
O ex-ministro da Saúde Nelson Teich elogiou Pazuello quando ele foi escolhido por Bolsonaro para ser o número 2 da pasta, em 22 de abril.
"A impressão que tenho é que a gente tem que ser muito mais eficiente do que a gente é hoje. A gente tá falando de logística, compra e distribuição. Ele é uma pessoa muito experiente nisso. É uma pessoa que vem trazendo contribuição num momento em que a gente corre contra o tempo. Não contra o tempo em relação só à covid-19, mas em relação a como o país vai ficar, como o sistema de saúde vai ficar", afirmou.
Militares ocupam 45% dos ministérios
Com a escolha de Pazuello, o governo Bolsonaro passa a ter 10 ministros militares. Dos 22 ministérios, 45% são ocupados por militares. Um número maior do que três dos cinco governos da ditadura militar (1964-1985).
Além de Pazuello, os outros nove militares ministros são:
general Walter Braga Netto (Casa Civil)
general Luiz Eduardo Ramos (secretário de Governo)
general Augusto Heleno (ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional)
major da PM Jorge Oliveira Francisco (secretaria-geral da Presidência)
capitão Wagner Rosário (ministro-chefe da Controladoria-Geral da União)
tenente-coronel Marcos Pontes (Ciência, Tecnologia e Comunicações)
general Fernando Azevedo e Silva (Defesa)
capitão Tarcísio Freitas (Infraestrutura)
almirante Bento Costa (Minas e Energia).
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