Doria supera Márcio França (PSB) e mantém hegemonia tucana
João Doria (PSDB) derrotou Márcio França (PSB) neste domingo (28) e foi eleito governador de São Paulo, confirmando a sétima vitória consecutiva dos tucanos em disputas para o cargo, sendo a primeira em segundo turno desde 2002. Ele obtém a vitória seis meses após deixar o cargo de prefeito de São Paulo, depois de cumprir um ano e três meses do mandato. Na campanha, Doria teve de se reinventar. Se em 2016 ele adotara o discurso de antipolítico e eficiente gestor da área privada, agora começou se identificando como político, mostrou realizações na prefeitura e obteve a vaga no segundo turno com a maior votação.
Momentos após ser confirmado o confronto com França, Doria buscou atrair o eleitor de Bolsonaro ao criar o slogan "BolsoDoria", mesmo sem ter o apoio oficial do capitão reformado do Exército. Para o segundo turno, voltou a destacar a sua performance como gestor no setor privado diante de um "carreirista político", como o tucano denominou o oponente, e enfatizou o fato de França ter sido aliado à esquerda no passado.
Em contraponto, Doria e França lutaram para ter o apoio de Geraldo Alckmin. No entanto, Alckmin se absteve. Oficialmente, esteve ao lado de Doria, mas o presidente nacional tucano criticou internamente o ex-prefeito e não participou de atos no segundo turno. Com discurso atrelado a maior rigidez na segurança pública, na esteira do que prometeu Jair Bolsonaro, e com posição "anti-PT" e "anti-esquerda", Doria superou o pessebista em uma disputa apertada.
João Agripino da Costa Doria Júnior tem 60 anos, é paulistano, casado com a artista plástica Bia Doria e tem três filhos. Foi secretário de Turismo da Prefeitura de São Paulo (1983-1986), presidente da Embratur (Empresa Brasileira de Turismo) de 1986 a 1988 e filiou-se ao PSDB em 2001, mas só disputou a primeira eleição em 2016, quando foi eleito prefeito de São Paulo. Deixou o cargo neste ano para a campanha vitoriosa ao governo. Seu vice é Rodrigo Garcia (DEM) em uma coligação com outros quatro partidos (PSD, PRB, PP e PTC).
Na campanha, Doria teve de investir R$ 2 milhões do próprio bolso (sendo 70% do valor no segundo turno) e recebeu doações de nomes como Neyde Ugolini de Moraes (mãe dos banqueiros Ermírio de Moraes), Jayme Brasil Garfinkel (presidente da Porto Seguro), Abilio Diniz (da BRF), Roberto Ometto Silveira Mello (fundador da Cosan) e Hugo Eneas Salomone (fundador do grupo Savoy), todos com valores superiores a R$ 250 mil, segundo dados do TSE.
Suas principais promessas são a austeridade policial, o projeto de uma economia liberal com um sistema de desestatização, e a expansão de programas como o Corujão da Saúde. Para 2019, ele terá um orçamento 5% maior do que em 2018 (R$ 229,9 bilhões), mas a peça orçamentária enviada à Assembleia Legislativa fala em “absoluta austeridade” e prevê possível dificuldade de arrecadação por conta da crise econômica do país. O documento estima dívida para 2018 em R$ 11,5 bilhões e aponta 52% do orçamento comprometido com gastos com pessoal e encargos sociais. Neste cenário de contenção, Doria promete governar com PPPs (Parceria Público-Privada) para diminuir o peso sobre o estado e cumprir suas promessas.