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G1

Poliomielite: 312 cidades brasileiras não vacinaram mais da metade das crianças de até 1 ano


Ministério da Saúde emite alerta para evitar retorno da doença no país. Controle é garantido quando pelo menos 95% das crianças são vacinadas.

Em alerta publicado nesta terça-feira (3), o Ministério da Saúde informa que 312 municípios brasileiros estão com baixa cobertura para a vacina contra a poliomelite: eles não chegaram a vacinar nem metade das crianças menores de um ano. Os dados são os últimos disponíveis, referente ao ano de 2017.

A recomendação internacional para o controle da doença é de que pelo menos 95% das crianças sejam vacinadas. Atualmente, a média nacional de cobertura é de 77%.

Não há casos de paralisia infantil no Brasil, ressalta o governo. O último registro do vírus selvagem foi feito 1989 em Souza, na Paraíba. A ação, no entanto, tem o objetivo de evitar um possível retorno da doença. Um caso foi registrado na Venezuela em junho e, nos últimos o anos, o vírus circulou em mais de 23 países.

A vacina contra a poliomielite está disponível o ano inteiro, em todos os postos de saúde do Brasil. Uma campanha nacional acontecerá em agosto (entre os dias 6 e 31), mas ela só tem o objetivo de aumentar a divulgação, informa a pasta. Todas as crianças com menos de cinco anos devem ser vacinadas, segundo o ministério.

"O risco existe para todos os municípios que estão com coberturas abaixo de 95%. Temos que ter em mente que a vacinação é a única forma de prevenção da poliomielite", diz em nota, Carla Domingues, coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde.

Segundo Domingues, foi este caso que gerou um alerta para o Brasil. O caso foi descartado, mas serviu para chamar atenção para a baixa cobertura vacinal e o medo de que a doença chegasse ao Brasil e acometesse crianças não vacinadas.

"Foi descartado, mas se temos baixas coberturas isso pode acontecer", diz ela.

Outras regiões do mundo vivem surtos esporádicos de poliomielite. De 2004 a 2017, ocorreram surtos em 23 países: Moçambique, Miamar, Indonésia, China, Paquistão, Nigéria, Camarões, Niger, Chade, Afeganistão, Somália, Quênia, Congo, Yemen, India, Ethiópia, Madagascar, Laos, Ucrânia, Síria, Guiné, Sudão e Camboja.

"Até a primeira metade da década de 1980, a poliomielite apresentou alta incidência no Brasil, contribuindo, de forma significativa, para a elevada prevalência anual de sequelas físicas, observada naquele período", detalha informativo do Ministério da Saúde .

A volta de outras doenças

Além da preocupação com o risco de poliomelite, o Brasil sofre com um surto de sarampo no Amazonas e Roraima. O Brasil recebeu certificado de erradicação do sarampo em 2016, mas registra 463 casos da doença em 2018.

Além disso, com baixa cobertura vacinal da tríplice viral e da pentavalente, outras doenças cobertas por estas vacinas podem voltar a circular.

"É o caso da difteria. Estamos acompanhando os casos na Venezuela porque a pentavalente também está com baixas coberturas vacinais. Há uma necessidade que se olhe para as questões de baixa cobertura vacinal porque temos doenças erradicadas e outras doenças que tem a situação controlada e podem voltar", explica Domingues.

Ações para aumento da cobertura e campanha nacional

Com estas doenças circulando em países vizinhos e em outros lugares do mundo, reforça-se a necessidade de ter uma cobertura vacinal alta para evitar a importação do vírus e que ele circule com facilidade.

Segundo Domingues, quando se identifica alguns anos com baixa cobertura vacinal, o Ministério da Saúde trabalha para reforçar as campanhas vacinais.

"É preciso reforçar a imunidade de grupo e fazer um cinturão para evitar que a doença volte a circular".

Segundo o Ministério da Saúde, cidades com baixa cobertura vacinal devem considerar a reorganização de suas redes, com a possibilidade de readequação de horários mais compatíveis com a rotina da população brasileira.

A pasta também orienta o reforço das parcerias com as creches e escolas, "ambientes que potencializam a mobilização sobre a vacina por envolver também o núcleo familiar", segundo nota do ministério.

O governo também deve deve organizar campanhas de divulgação nacionais e exorta estados e municípios a manter sistemas de informação devidamente atualizados.

"Esperamos que este movimento todo possa contribuir para que a população compreenda o que estamos falando. É um risco teórico, mas existe. A vacina não é medicamento, é prevenção. Não podemos ficar apagando incêndio toda vez que houver um surto de doença", explica Domingues.

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