Pais suspeitos de matar menina Emanuelly são indiciados por maus-tratos
Inquérito foi concluído nesta segunda-feira (12) pela Polícia Civil. Débora Rolim da Silva e Phelipe Douglas Alves tiveram a prisão preventiva decretada e estão na penitenciária de Tremembé.
A Polícia Civil concluiu nesta segunda-feira (12) o inquérito sobre a morte da menina Emanuelly Agatha da Silva, de 5 anos, e indiciou os pais Phelipe Douglas Alves, de 25 anos, e Débora Rolim da Silva, de 24 anos, por maus-tratos.
Phelipe e Débora tiveram a prisão preventiva decretada no sábado (3) e estão na penitenciária de Tremembé
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De acordo com o delegado responsável pelo caso, Eduardo de Souza Fernandes, o inquérito com mais de 200 páginas foi entregue ao Fórum, já que o prazo final era esta segunda-feira por se tratar de um crime com flagrante.
Segundo o delegado, agora o promotor analisará as informações repassadas pela Polícia Civil e pode incluir outros crimes, como homicídio por exemplo.
Ainda segundo o delegado, a polícia teve acesso ao laudo do Instituto Médico Legal (IML) que aponta a causa da morte. Os detalhes do laudo não foram divulgados ao G1.
Durante a investigação, foram apreendidos objetos pessoais e celulares do casal que estavam na casa onde viviam com a criança e outros dois filhos, um menino de 4 anos e uma menina de 9. O menino está em uma casa de acolhimento e a menina, filha de outro relacionamento de Débora, foi entregue ao pai.
Pais suspeitos de matar menina Emanuelly são indiciados por maus-tratos
Crime
Segundo a Polícia Civil, Débora e Phelipe acionaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) na noite do dia 2 de março e disseram que a filha estava convulsionando depois de uma queda.
A criança foi levada ao pronto-socorro da cidade em estado grave. A equipe médica verificou que a menina estava com diversos hematomas pelo corpo e chamaram a polícia.
Segundo a polícia, ao questionar os pais, eles alegaram que a criança costumava se machucar e, que neste dia, também havia caído da cama, o que teria provocado a convulsão.
Os médicos, no entanto, disseram à polícia que as lesões não condizem com a versão dos pais, de que ela se autolesionava.
Diante disso, os pais foram encaminhados para a delegacia e, em seguida, presos, depois da audiência de custódia. Os dois já tinham passagens na polícia por suspeita de agressão e uso de drogas.
Prisão
Homem foi encaminhado a Penitenciária II de Itapetininga e depois para Tremembé (Foto: Reprodução/TV TEM)
A Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) informou ao G1 que Débora foi tranferida do presídio em Votorantim para a Penitenciária Feminina I "Santa Maria Eufrásia Pelletier" de Tremembé, onde deverá permanecer em cela individual em Regime de Observação (RO), por volta de 15 dias.
O presídio de Tremembé é o mesmo onde está preso o casal Alexandre Nardoni e Ana Carolina Jatobá, condenados pela morte da menina Isabella Nardoni, em 2008.
Após esse período, segundo a SAP, Débora passará a ficar em cela coletiva.
Já em relação ao Phelipe, a SAP informou que ele foi transferido para a Penitenciária II "Dr. José Augusto César Salgado" de Tremembé, onde encontra-se em cela individual e permanecerá em Regime de Observação (RO).
'Colocava papel na boca para abafar gritos'
Uma babá que trabalhou na casa de Débora e Phelipe Douglas relatou à TV TEM que a menina era agredida constantemente.
Segundo ela, que prefere não se identificar, a mulher chegava até a colocar papel na boca da criança para que ela não gritasse.
"Um dia fui trabalhar e ela estava com o olho roxo. Porém, quando perguntei o que tinha acontecido, ela disse que tinha caído. Foi então que a irmã mais velha contou que a mãe havia enchido a boca dela [Emanuelly] com papel para que ela não gritasse e bateu com o guarda-chuva no olho dela", afirma.
'Já me agrediu'
O avô paterno da menina Emanuelly afirmou que o filho Phelipe, pai da menina, era violento quando usava drogas e que já até chegou a agredi-lo.
“Ele era usuário de drogas. Não só ele como a esposa também. O Phelipe era muito violento quando usava droga. Fora de série. Quando ele estava sem nada, era um anjo. Quando usava droga mudava tudo. Ficava violento. Eu mesmo ele agrediu por causa da droga”, afirmou Luiz Carlos Alves.
Segundo o avô, ele sempre notou marcas de agressão no corpo da criança e questionava os pais sobre elas. Porém, ele alega que o filho e a nora diziam sempre que a menina vivia caindo.
“Muitas vezes eu chegava e via ela machucada, parte vermelha pelo corpinho e algumas marcas roxas. Ela era bem quieta e até demorava para comer. Quando eu perguntava, a mãe dizia que tinha caído. Eu sabia que não era, mas ficava quieto para evitar confusão. Eu desconfiava”, diz.