Áudio mostra médicos do Samu combinando uso de ambulância para ir a casamento, em Itapetininga
Órgão afirma que demitiu os funcionários por quebra de protocolo. Cerimônia era do coordenador local com enfermeira do Samu de Itapetininga; fotos mostram veículo entre noivos e convidados.
A reportagem da TV TEM teve acesso com exclusividade à conversa de rádio de profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Itapetininga (SP) em que uma médica pede autorização para usar a ambulância do órgão para ir à festa de casamento do colega de trabalho com a ambulância do órgão.
Na conversa, a médica pede autorização para "dar um pulinho" na festa e diz que vai ficar em QRV, uma sigla usada em chamadas de rádio que significa "em prontidão". (Confira o áudio acima e a transcrição abaixo)
Médico 1: Alô?
Médico 2: Oh Jhony...
Médico 1: Oi...
Médico 2: Já "entramo" na cidade...
Médico 1: Uhum...
Médico 2: É...a gente não pode dar um pulinho lá no...da uma olhada no casamento da, do rapaz?
Médico 1: Perfeito. Vai em QRV, vão em QRV.
Médico 2: Não, a gente fica na porta só da igreja.
Médico 1: Não, tranquilo, tranquilo Ilderes.
A informação foi confirmada pelo assistente da diretoria do Samu, Saulo Ferreira. Ele explica que o Samu de Itapetininga é gerenciado por uma empresa terceirizada, com sede em Ribeirão Preto.
Assim que soube das fotos, divulgadas nas redes sociais, os responsáveis entraram em contato com os funcionários que trabalham no órgão.
Após as apurações, a médica que estava na ambulância e o médico regulador, que conversou com ela e sabia que a equipe passaria no casamento, foram demitidos.
Já o motorista e o enfermeiro, que também estavam na ambulância, foram advertidos e permanecem trabalhando.
“Constatamos que houve quebra de protocolo e, por isso, demitimos os dois médicos. O motorista e o enfermeiro não foram demitidos porque o setor de Recursos Humanos constatou que a ida até o casamento foi uma decisão unilateral dos médicos, e que eles apenas cumpriram ordens”, disse.
De acordo com Saulo, os noivos poderão ser afastados se a apuração apontar que eles estavam cientes da ida dos funcionários.
"Ainda não há informação de que os dois chamaram esses funcionários para irem até o local com a viatura. Então, faremos todos os procedimentos para apurarmos os fatos juntamente com o RH", afirmou.
A reportagem questionou quanto tempo a ambulância ficou parada no pesqueiro e se algum atendimento foi prejudicado nesse período. O assistente da diretoria afirmou que não sabe o período em que o carro foi usado indevidamente, mas garantiu que não houve prejuízo à população.
“No momento em que estavam não entrou nenhum pedido e nenhum atendimento foi prejudicado”, afirmou.
A reportagem do G1 entrou em contato com Rafael, coordenador local do órgão e o noivo da festa, mas ele não quis falar sobre o assunto.
A Prefeitura de Itapetininga disse que está acompanhando a denúncia por meio da Secretaria da Saúde e de seu corpo jurídico e, caso haja a confirmação dos fatos, todos os envolvidos serão responsabilizados.
Fotos divulgadas nas redes sociais e enviadas para o G1 e TV TEM mostram o veículo estacionado no local do casamento e os noivos perto da ambulância.
Em nota, a prefeitura informou que assim que teve conhecimento dos fatos imediatamente notificou os responsáveis pela Regulação Regional do Samu para prestar esclarecimentos e para tomar as medidas cabíveis necessárias.