top of page
Buscar
O GLOBO - Andréia Sadi

Fora da agenda e na calada da noite, futura procuradora da república se encontra com Temer


No dia seguinte à visita fora da agenda oficial ao Palácio do Jaburu para se encontrar com o presidente Michel Temer, a subprocuradora da República Raquel Dodge – que assumirá no mês que vem o comando da Procuradoria Geral da República (PGR) – afirmou ao G1 nesta quarta-feira (9) que foi à residência oficial da Presidência para tratar de sua posse na chefia do Ministério Público.

Raquel Dodge sucederá o atual procurador-geral da República, Rodrigo Janot, cujo mandato à frente da PGR se encerra em 17 de setembro.

A visita fora da agenda, que ocorreu na noite desta terça (8), foi revelada pelo Blog da colunista do G1 Andréia Sadi.

O cinegrafista da TV Globo Wilson de Souza registrou o momento em que Raquel Dodge chegou ao Palácio do Jaburu, por volta das 22 horas (veja no vídeo acima), e ficou lá por cerca de uma hora. O encontro não estava previsto na agenda oficial.

Ao G1, a sucessora de Janot informou na manhã desta quarta que foi à residência oficial porque, segundo ela, Temer "indagava sobre a data e horário possível" para a posse dela no cargo de procuradora-geral da República.

Ainda de acordo com Raquel Dodge, o presidente fez o questionamento porque terá que viajar aos Estados Unidos em 18 de setembro para a abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, em Nova York.

"O presidente [Temer] indagava sobre a data e horário possível para a minha posse, pois precisa viajar para os EUA no dia 18 de setembro, segunda, para fazer a abertura da Assembleia Geral da ONU no dia 19. O mandato do PGR termina no dia 17", relatou a subprocuradora ao G1 ao ser questionada sobre a visita ao Jaburu no final da noite desta terça.

"O fato foi devidamente comunicado ao PGR [Janot], por escrito, para as providências de estilo", complementou Raquel Dodge.

Na manhã desta quarta, a assessoria de Temer disse ao Blog da Andréia Sadi que a futura procuradora-geral da República foi ao Jaburu para discutir detalhes de sua posse, a mesma versão dada por Raquel Dodge.

Questionado pelo Blog sobre o motivo de o encontro não ter sido incluído na agenda oficial, a assessoria do presidente afirmou que, quando Temer combinou a reunião com Raquel Dodge, ele já estava na residência oficial.

Um dos três nomes da lista tríplice apresentada a Temer pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Raquel Dodge foi indicada pelo presidente da República para o comando da PGR em 28 de junho. Ela foi sabatina pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado teve a indicação aprovada pelo plenário da Casa em 12 de julho.

Temer pede ao STF que afaste Janot das investigações contra ele

Suspeição de Janot

Na tarde desta terça-feira, antes de Temer se reunir com Raquel Dodge no Palácio do Jaburu, a defesa do presidente da República pediu ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Edson Fachin a suspeição de Rodrigo Janot e solicitou que o magistrado retire o atual chefe do Ministério Público do inquérito que investiga o peemedebista.

Responsável pela defesa de Temer, o criminalista Antônio Cláudio Mariz de Oliveira argumentou à Suprema Corte que já se tornou "público e notório" que Janot "vem extrapolando em muito os seus limites constitucionais e legais inerentes ao cargo que ocupa". Ainda no pedido, o advogado afirma que a atuação de Janot é motivada, ao que "tudo indica", por questão "pessoal".

No documento enviado ao STF, a defesa de Temer escreveu que Janot tem "ideia fixa" de acusar o presidente e que se deixou "tomar por uma questão única, obstinada" e, "teimosamente", tenta destituir Temer.

Procurada pelo G1, a PGR não quis se manifestar sobre o documento protocolado no Supremo pela defesa do presidente da República.

Com base nas delações de executivos do grupo J&F, que controla a JBS, Janot denunciou Temer ao STF pelo crime de corrupção passiva. Mas o Supremo só poderia analisar a denúncia se a Câmara autorizasse.

A maioria dos deputados, contudo, rejeitou o prosseguimento do processo e, assim, a peça do Ministério Público ficará parada até o fim do mandato de Temer, em 31 de dezembro de 2018.

No mundo político, porém, há a expectativa de que Janot ofereça nova denúncia contra o presidente, também com base nas delações da JBS, por "obstrução de Justiça".

Posses na PGR

Os antecessores de Raquel Dodge tomaram posse no comando do Ministério Público na própria sede da Procuradoria Geral da República.

A posse de Rodrigo Janot, por exemplo, ocorreu no auditório do prédio da PGR, com a presença da então presidente Dilma Rousseff.

Roberto Gurgel, que assumiu a chefia da PGR em 2009, também tomou posse no auditório da Procuradoria. À época, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva prestigiou a solenidade.

88 visualizações0 comentário

LEIA TAMBÉM:

bottom of page