Proprietário de confecção oferece emprego para Suzane Richthofen em Angatuba
O proprietário da confecção que ofereceu uma vaga como costureira para Suzane Richthofen, caso a Justiça conceda o pedido de progressão ao regime aberto para cumprir pena em liberdade, afirmou ao G1 que já admitiu funcionários com passagens na polícia e que aceitou contratar Suzane na empresa por conhecer a família do namorado dela. Suzane von Richthofen foi condenada a 39 anos de prisão pela morte dos pais.
A empresa confecciona jeans e fica na área central de Angatuba (SP). Segundo ele, são cerca de 70 costureiras que ganham pouco mais de R$ 1 mil para cumprirem uma jornada de 44 horas.
“ Eu não conheço ela. Conheço a família do namorado dela. Ele pediu uma oportunidade junto com a advogada dela. A gente nunca fechou as portas para ninguém independente do problema lá fora. Eu não vejo pelo que ela fez e, sim, pelo que fará aqui dentro, durante o trabalho. Tem outras pessoas que já trabalharam aqui que foram presas. Já contratei mais de cinco que tiveram passagens. É uma forma de reabilitação”, afirma o empresário Daniel Carneiro da Silva.
Segundo ele, Suzane sabe costurar e trabalhará na costura de jeans caso tenha vaga se cumprir a pena em liberdade.
“O namorado pediu a oportunidade de emprego quando ela saísse da prisão. Se ela sair da prisão a gente admite ela, claro, se tiver vaga. Se não tiver, ela vai aguardar. Sei que na penitenciária ela pratica costura. Não é porque ela ficou presa que não vou dar oportunidade. Ela não fez nada contra mim e minha família. Então, não vejo problema ”, ressalta.
Ainda de acordo com o empresário, Suzane ganhará R$ 1.082 por 44 horas trabalhadas semanalmente, como os outros funcionários no mesmo cargo.
“Se entrar aqui, não tem privilégio nenhum. Fama dela eu não quero. A vaga está reservada mediante às nossas necessidades. Se ela sair e a empresa tiver condição de contratar, vai contratar. Se não tiver condições, vai aguardar. Mas não vejo motivo de negar o pedido”, afirma.
Pedido
A detenta Suzane von Richthofen, condenada a 39 anos de prisão pela morte dos pais, pediu à Justiça para ir ao regime aberto e cumprir a pena em liberdade. Não há prazo para julgamento do pedido, feito pela defesa dela no início deste mês. Ela está presa em Tremembé, no interior de São Paulo.
No documento, a defesa incluiu que Suzane, quando obtiver a progressão, tem uma vaga de emprego de costureira disponível em uma confecção em Angatuba (SP) - cidade onde vive o namorado da presa. A oferta, confirmada pela empresa em um ofício, permanecerá em aberto até a decisão da Justiça sobre o regime penal mais brando.
Presa desde 2002, Suzane passou a cumprir pena em outubro de 2015 no regime semiaberto. Nele, ela já tem direito às saídas temporárias. Se for para o regime aberto, ela poderá deixar a prisão para viver em liberdade desde que tenha endereço fixo, trabalho e compareça em datas determinadas pela Justiça na Vara de Execuções Criminais (VEC).
No pedido, a defensoria, que atua na defesa de Suzane Richthofen, aponta que ela cumpriu o tempo de pena necessário para ter direito à progressão para o regime aberto - sendo um sexto da pena no semiaberto. O documento destaca ainda o "ótimo comportamento carcerário da sentenciada" apontado em atestado emitido pela direção da penitenciária.
No cálculo da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), o prazo para mudança de regime seria 4 de setembro de 2019, mas a Defensoria cobra o abatimento de 996 dias deste prazo, adquirido por meio do trabalho de costureira que exerce em uma oficina no presídio. Antes, ela atuou na unidade como auxiliar de enfermaria e de copa.
Se esses dias remidos forem considerados, ela já teria cumprido o tempo necessário à progressão. O pedido de Suzane foi encaminhado ao Ministério Público, que deve emitir um parecer sobre o regime aberto à detenta na próxima semana. Essa análise deve embasar a decisão da Justiça.
O G1 procurou o promotor Paulo de Palma; a juíza que vai apreciar o pedido, Wânia Gonçalves da Cunha; e a Defensoria Pública para comentar o assunto. Ninguém retornou até a publicação da reportagem.
A Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) informou que o processo da presa Suzane Von Richthofen está sob sigilo de Justiça. "Ressalvamos ainda que a secretaria somente cumpre decisões judiciais", disse a pasta em nota.