O protegido: Gilmar Mendes suspende depoimento de Aécio Neves à PF em inquérito de Furnas
O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes suspendeu o depoimento do senador e presidente nacional do PSDB, Aécio Neves, que seria prestado à Polícia Federal.
A decisão foi assinada nesta terça-feira (25) e atende a pedido do parlamentar, que só quer falar após ter acesso aos depoimentos de testemunhas já ouvidas no caso.
O tucano é investigado por suposto esquema de corrupção em Furnas e é suspeito de dividir com o PP uma das diretorias da estatal.
O doleiro Alberto Youssef, em delação premiada, afirmou que ouviu falar que Aécio recebia valores mensais, por meio de sua irmã, de uma das empresas contratadas pela estatal.
Em outra delação premiada, o senador Delcídio do Amaral afirmou que o tucano tinha “ascensão” sobre diretoria em Furnas. Aécio neves negou todas as suspeitas.
Mendes, que é relator do inquérito no Supremo, aceitou ainda um pedido para que o senador tenha acesso aos depoimentos já prestados, e refutou o argumento utilizado pela Polícia Federal de que a oitiva de Aécio faria parte de diligência policial única e ainda não concluída.
Em despacho, o ministro disse: “a diligência em andamento que pode autorizar a negativa de acesso aos autos é apenas a colheita de provas cujo sigilo é imprescindível. O argumento da diligência em andamento não autoriza a ocultação de provas para surpreender o investigado em seu interrogatório”.
Depoimentos de Aécio são pedidos desde a abertura do inquérito, em maio do ano passado, mas o pedido da Procuradoria-Geral da República, que é quem conduz as investigações, nunca foi atendido.
Em março deste ano, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, repetiu o pedido de oitiva e pediu ainda depoimentos de Delcídio, José Dircei e do ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira.
À época, a assessoria de Aécio Neves disse, em nota, que o senador era o maior interessado na apuração dos fatos e que o depoimento já estava marcado desde a abertura do inquérito.
O mesmo Gilmar Mendes, em maio do ano passado, suspendeu a coleta de provas no caso e pediu justificativas da PGR para prosseguimento das investigações. Mais tarde, Janot solicitou o prosseguimento e o pedido foi atendido por Gilmar Mendes.