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G1 / AFP

Nº de mortes em 'ataque químico' passa de 70 na Síria; ONU denuncia crimes de guerra


Já a Rússia diz que aviação síria bombardeou arsenal de armas químicas de rebeldes. Entre as 72 vítimas, 20 eram crianças.

O suposto ataque químico que matou pelo menos 72 civis em uma cidade do norte da Síria demonstra os "crimes de guerra" continuam sendo cometidos no país, afirmou nesta quarta-feira (5) o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres.

O balanço divulgado pelo Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) nesta quarta indica que 20 das mais de 70 vítimas são crianças. De acordo com a ONG, houve um ataque aéreo no reduto rebelde da cidade de Khan Sheikhun, na província de Idlib. Logo em seguida, foi liberado um "gás tóxico" que a instituição não sabe identificar. Civis morreram por e dezenas apresentaram problemas respiratórios, vômitos e desmaios.

"Os horríveis acontecimentos de terça-feira demonstram, infelizmente, que os crimes de guerra continuam na Síria e que o direito internacional humanitário é violado frequentemente", disse Guterres ao chegar a Bruxelas, onde ocorre uma conferência sobre o conflito sírio.

Guterres afirmou que a ONU deseja estabelecer responsabilidades por estes crimes e expressou confiança de que o Conselho de Segurança estará " à altura de suas responsabilidades".

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que as vítimas exibiram sintomas, como dificuldade de respiração, que são consistentes com reação a agentes que atuam no sistema nervoso. "Alguns casos parecem mostrar sinais adicionais consistentes com exposição a químicos organofosforados, uma categoria de químicos que inclui agentes que atuam no sistema nervoso", disse a OMS.

"A probabilidade de exposição a um ataque químico é ampliada pela aparente ausência de lesões externas reportadas em casos que mostram um desenvolvimento rápido de sintomas similares, incluindo dificuldade aguda de respiração como principal causa de morte", acrescentou.

Para a oposição ao presidente sírio, Bashar al-Assad, e para a União Europeia, o regime sírio é responsável pelo bombardeio. O governo da Síria nega.

A Rússia nega ter atacado a região, mas afirma que a aviação de Damasco bombardeou um "depósito terrorista" onde eram armazenadas "substâncias tóxicas" destinadas a combatentes no Iraque. Os russos têm poder de veto no Conselho de Segurança e apoiam o presidente sírio Bashar al-Assad contra os rebeldes.

Alguns minutos antes, o ministro britânico das Relações Exteriores, Boris Johnson, havia dito que "todas as provas" apontam para o regime de Bashar al-Assad como responsável pelo suposto ataque.

"Todas as provas que vi sugerem que foi o regime de Al-Assad... usando armas ilegais contra seu próprio povo", disse Johnson.

"É a confirmação de que se trata de um regime bárbaro que torna impossível aos nossos olhos que imaginar que possa ter a menor autoridade na Síria após o fim do conflito", completou o ministro britânico.

A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, pediu um grande esforço a favor das negociações de paz sobre a Síria em Genebra, que tem a mediação da ONU. "Temos que unir a comunidade internacional nas negociações", declarou Mogherini.

Estados Unidos, França e Reino Unido apresentaram na terça-feira (4) um projeto de resolução ao Conselho de Segurança que condena o ataque químico na Síria e exige uma investigação completa e rápida. A Rússia considerou o texto "inaceitável".

"Seu defeito é antecipar os resultados da investigação e assinalar culpados", afirmou Maria Zajarova em coletiva de imprensa, na qual denunciou que se engendra um "projeto contra a Síria", o que poderá agravar ainda mais a situação.

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