Obama chega a Cuba; é o 1º presidente dos EUA a visitar a ilha em quase nove décadas
O presidente dos EUA, Barack Obama, desembarcou em Havana, Cuba, na tarde deste domingo (19) acompanhado de sua família. Esta é a primeira visita de um presidente americano a Cuba em quase nove décadas e marca o avanço da normalização das relações entre ambos os países anunciada em dezembro de 2014.
O Air Force One tocou o solo cubano às 16h19 (horário de Havana), onde ele foi recebido pelo chanceler cubano, Bruno Rodriguez no aeroporto internacional José Marti. Além da primeira-dama Michelle, das filhas Sasha e Malia e da sogra, Obama é acompanhado por uma pequena delegação formada pela líder da minoria democrata na Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, os senadores democratas Patrick Leahy e Dick Durbin e o republicano Jeff Flake. Uma delegação mais ampla de líderes políticos e empresariais viaja separadamente.
Acompanhavam o chanceler cubano a a diretora para a América do Norte do Ministério das Relações Exteriores, Josefina Vidal; o embaixador de Cuba nos Estados Unidos, José Ramón Cabañas, e o embaixador interino dos Estados Unidos em Cuba, Jeffrey DeLaurentis. Rodriguez presenteou a primeira-dama, as filhas do presidente e a sogra com buquês de rosas.
O último presidente americano a visitar a ilha foi Calvin Coolidge, que chegou à ilha caribenha em 1928 em um navio de guerra. Ao aterrissar, Obama usou sua conta pessoal no Twitter e disse que chegou ao local para "encontrar e ouvir diretamente o povo cubano".
Está previsto que, ao chegar à capital cubana, Obama vá imediatamente à embaixada americana, reaberta após o restabelecimento das relações diplomáticas em julho do ano passado, para se reunir com a equipe. Em seguida, Obama e Michele farão um passeio pela Havana Velha e visitarão a catedral, onde serão recebidos pelo cardeal Jaime Ortega, que intermediou as conversas com os EUA com o apoio do papa Francisco.
A agenda oficial começa nesta segunda-feira com uma visita ao monumento ao Memorial José Martí e uma reunião com o presidente cubano, Raúl Castro. O momento mais aguardado por muitos em Cuba será na terça-feira, quando ele fará um discurso, transmitido pela TV, no qual falará diretamente ao povo cubano. Ele também acompanhará um jogo de beisebol.
Cinco décadas de rompimento
A visita teria sido impensável até que Obama e o presidente de Cuba, Raúl Castro, concordaram em dezembro de 2014 em acabar com um distanciamento que começou quando a revolução cubana derrubou um governo pró-EUA em 1959. As autoridades cubanas argumentam que, enquanto houver o embargo norte-americano e uma base naval norte-americana na Baía de Guantánamo sem o consentimento de Cuba, uma normalidade genuína estará fora de alcance.
Havana se preparou para Obama de forma especial, pavimentando as ruas e restringindo áreas que ele visitará por motivos de segurança. Placas de boas-vindas com imagens do presidente americano ao lado de Castro aparecem na parte colonial da cidade, onde foi programado um passeio para a família Obama logo após o desembarque. Apesar do forte esquema de segurança, os cubanos enfeitaram casas com bandeiras norte-americanas e as camisas com a bandeira do país e a estampa de Obama estão sendo muito vendidas na capital.
Obama vê o fim de cinco décadas de medidas isolacionistas impostas pelos EUA a Cuba como um dos grandes êxitos de sua política externa. Os dois países reataram as relações diplomáticas em julho passado, após uma aproximação entre Obama e Castro, iniciada em dezembro do ano anterior. Apesar da reaproximação, o embargo comercial imposto pelos EUA durante a Guerra Fria ainda pesa sobre a ilha, com poucas perspectivas de que seja removido pelo Congresso americano, dominado pelo Partido Republicano. (Com agências internacionais)