Veja na íntegra o segundo depoimento de Lula para Sergio Moro
Com duas horas e dez minutos de duração, o interrogatório do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou ao fim às 16h26 desta quarta-feira (13). Foi o segundo encontro presencial entre o petista e o juiz federal Sergio Moro, que comanda os processos da Operação Lava Jato na primeira instância --a primeira audiência, em 10 de maio, levou quase cinco horas.
Confira abaixo a íntegra do depoimento:
O processo
No suposto esquema de corrupção, foram firmados oito contratos, de 2004 a 2012, entre a empreiteira Odebrecht e a Petrobras.
Com desvios que chegaram a R$ 75,4 milhões, segundo denúncia do MPF, Lula teria sido beneficiado com a compra de um terreno em São Paulo que seria sede do Instituto Lula e com a aquisição do apartamento vizinho ao em que ele vive, em São Bernardo do Campo (SP). Lula é acusado ter cometido o crime de corrupção passiva por nove vezes, e o de lavagem de ativos por 94.
Além de Lula, também são réus neste processo:
Roberto Teixeira, advogado de Lula
Antonio Palocci, ex-ministro dos governos de Lula e de Dilma
Branislav Kontic, ex-assessor de Palocci
Marcelo Odebrecht, ex-presidente da Odebrecht
Paulo Melo, ex-diretor da Odebrecht
Demerval Gusmão, proprietário da DAG Construtora
Glaucos da Costamarques, empresário
Teixeira será o último réu interrogado. Ele deveria ter sido ouvido em Curitiba na semana passada, em 6 de setembro. Porém, na noite do dia anterior, ele foi internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo.
Diagnosticado com insuficiência cardíaca aguda, o advogado teve alta na sexta-feira passada (8) e passou a repousar em casa por ordens médicas. Na última segunda-feira (11), atendendo pedido da defesa, Moro remarcou o interrogatório de Teixeira, que deveria ser nesta quarta, para as 13h30 de 20 de setembro.
Passado e futuro
No primeiro interrogatório, em maio, Lula prestou esclarecimentos a respeito da acusação de que estaria envolvido no esquema de corrupção envolvendo três contratos entre a empreiteira OAS e a Petrobras. Com quase cinco horas, foi um dos mais longos da Lava Jato.
Moro decidiu sentenciá-lo a nove anos e seis meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele concluiu que Lula "tinha um papel relevante no esquema criminoso que vitimou a Petrobras e que envolvia ajustes fraudulentos de licitação e o pagamento de vantagem indevida a agentes da empresa, a agentes políticos e a partidos políticos".
O petista recorre em liberdade da decisão no TRF (Tribunal Regional Federal) da 4ª região, a segunda instância da Lava Jato.
Lula e Moro ainda terão um novo encontro previsto para o primeiro semestre do ano que vem. Em agosto, o juiz tornou o ex-presidente réu pela terceira vez na Lava Jato, agora em um processo sobre um esquema de corrupção envolvendo um sítio em Atibaia (SP), que seria uma vantagem indevida paga a Lula.
A defesa do petista nega as acusações em todos os processos e diz que há uma perseguição política contra Lula.